Contas de água disparam no Ceará e atingem comerciantes e famílias em Assaré

 


Nossa redação foi procurada por comerciantes e moradores de Assaré revoltados com os valores cobrados nas contas de água. Segundo os relatos, as tarifas da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) são consideradas abusivas, principalmente diante da precariedade do serviço prestado em vários bairros da cidade.

Em um dos casos, um pequeno ponto comercial  com apenas uma descarga e uma torneira  chegou a receber uma fatura no valor de R$ 150, enquanto outros estabelecimentos registram contas que ultrapassam os R$ 300. Já nas residências, há relatos de cobranças acima de R$ 65, mesmo em locais onde o fornecimento é irregular ou praticamente inexistente.

Água escassa e investimento inexistente

Em Assaré, o sofrimento é antigo. À medida que a cidade cresce e novas áreas se formam mais distantes do centro, o acesso à água se torna cada vez mais difícil. Moradores de ruas como Vila Nildalia, Coruja, Alto do Limar e da Rua Vereador Jaime Monte relatam longos períodos sem uma gota sequer nas torneiras.

Apesar das constantes reclamações, não há registro de investimentos recentes em novas instalações de canos, bombas de reforço ou sistemas que garantam pressão suficiente para atender as áreas mais altas e afastadas. O sentimento geral é de abandono: paga-se caro por um serviço que falha diariamente.

Reajustes constantes em todo o Ceará

As tarifas da Cagece passaram por aumentos sucessivos nos últimos quatro anos, o que tem pesado no bolso dos cearenses.

Confira o histórico recente dos reajustes:

  • Janeiro de 2021: aumento de 12,25% na tarifa média;

  • Janeiro de 2022: reajuste de 6,69%;

  • Outubro de 2023: revisão extraordinária de 14,39%;

  • Agosto de 2024: novo aumento de 8% linear em todas as categorias.

Somados, os reajustes ultrapassam 40% em apenas quatro anos. A tarifa média estadual, que era de R$ 4,61 em 2021, passou para cerca de R$ 6,29 por metro cúbico em 2024.

Enquanto isso, cidades como Tarrafas e Antonina do Norte também registram queixas parecidas: contas elevadas, sem que o fornecimento de água acompanhe o valor cobrado.

O contraste entre o preço e o serviço

A Cagece justifica os aumentos com base em “custos operacionais, manutenção e investimentos”, mas moradores de várias regiões do Cariri afirmam que esses investimentos não chegam até eles.

“Pagamos caro por um serviço que mal existe. Tem semana que a água chega só de madrugada, e ainda assim com pouca força. Quando vem a conta, é um susto atrás do outro”, relatou um morador.

A população pede transparência nos cálculos das tarifas e mais responsabilidade da companhia quanto à prestação de um serviço essencial. “Se o abastecimento é falho, como é que a conta é cobrada como se tivesse tudo normal?”, questiona uma moradora.

Falta de regulação visível e esperança por mudanças

Até o momento, não há registro de fiscalização ou medidas compensatórias por parte dos órgãos reguladores, como a ARCE (Agência Reguladora do Ceará), que poderiam garantir descontos ou revisão em casos de interrupção constante no fornecimento.

Os moradores esperam que a empresa reveja as tarifas e invista na ampliação do sistema de abastecimento, especialmente nas áreas periféricas de Assaré, onde a água ainda é tratada como um privilégio, e não como um direito básico.



Redação: Daqui do Cariri

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